Um grupo de cerca de 300 médicos paranaenses, de diferentes especialidades, entregou uma carta à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) solicitando medidas por parte da órgão estadual para uma maior difusão do tratamento de pacientes na fase inicial da Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. Os profissionais são de diferentes regiões do estado e fazem parte de um movimento chamado Paraná Vencendo a Covid-19.
No documento, o grupo pede um posicionamento em nota técnica da secretaria estadual para o seguimento de notas e recomendações que tratam no manuseio medicamentoso precoce para pacientes com a doença, além de uma maior distribuição e acesso de medicamentos – em diferentes níveis de atendimento – que poderiam ser utilizados no tratamento da fase inicial da Covid-19. Esses seriam a hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina e ivermectina.
Três médicos levaram as propostas, dispostas na carta formulada pelo grupo, ao secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. Participaram de uma reunião no dia 07 de julho, junto ao secretário, o médico anestesiologista George Silva Muniz; o médico otorrinolaringologista Mauricio Buschle; e a médica de Saúde da Família Ana Paula Torga.
No documento, o grupo ressalta o crescimento expressivo de casos no último mês no Paraná e relata que pacientes com sintomas leves, que procuram atendimento precocemente, estão sendo orientados a retornarem para casa com medidas sintomáticas e avisados para voltarem ao atendimento médico-hospitalar se houver piora nos sintomas. Os médicos também denunciam que estão sendo prescritos protocolos totalmente fora dos padrões por falta de uma informação uniforme.
“A intenção da nossa carta é levar ao conhecimento dos órgãos públicos que existe um grupo de médicos mobilizado e que acredita que, fundamentado na Medicina baseada em evidência e a partir de exemplos e experiências no Brasil e no exterior, seja necessário tomar uma atitude perante a Covid-19. E essa atitude tem base no que a Medicina nos mostrou com uso de medicações seguras, conhecidas da literatura médica há muitos anos”, comenta o médico George Silva Muniz, lembrando que são vastos os casos de medicamentos destinados para um fim, mas que se mostraram eficazes também para outros. “A hidroxicloroquina já foi usada em outras viroses e já se sabia que existia essa função antiviral, assim como a azitromicina, pelo modo de ação dela”, afirma.
O médico salienta que o grupo de profissionais não tem o objetivo de impor um tratamento. “Todos os médicos têm a liberdade de fazê-lo ou não, junto ao seu paciente, que também pode aceitar ou não. Mas os médicos que têm a liberdade e querem fazer esse tratamento não estão encontrando os meios para fazê-lo. Não estão encontrando, por exemplo, acesso às medicações nas unidades de saúde para isso”, conta Muniz. O médico lembra que, muitas vezes, os pacientes não possuem recursos para comprar os remédios nas farmácias e os próprios estabelecimentos particulares podem estar sem estoques.
Muniz ainda argumenta que há uma janela de oportunidade para atuação contra a Covid-19, que pode ser dividida em três fases. No estágio inicial da doença, se houvesse uma maior intervenção, poderia ser evitada uma evolução para um quadro mais grave, de acordo com ele. “A primeira fase é o que chamamos de fase viral. É para esta fase que estamos propondo essa intervenção mais rápida, porque nessa etapa conseguimos diminuir ‘a força da doença’. Essa janela de oportunidades vai do primeiro dia de sintomas até o sétimo. A partir do sétimo dia, segundos estudos, já entra na segunda fase, que é a inflamatória. E nessa fase inflamatória, o tratamento vai necessitar de uso de outros medicamentos e o paciente corre um risco maior de evoluir para a fase 3, mais grave e de maior mortalidade”, declara.
O médico esclarece que existem relatos mundiais apontando que, se já houver uma intervenção cedo na doença, os resultados nos pacientes são melhores. “A nossa intenção é levar isso ao poder público”, enfatiza. “No site da Secretaria de Estado da Saúde, há descrição de recomendação de hidroxicloroquina ou cloroquina para pacientes graves, mas já se sabe que eles não funcionam nesse estágio da doença. O resultado será praticamente nulo. Essas medicações vão funcionar no tratamento mais cedo. Observou-se isso em estudos”, indica. “Pedimos, então, que seja alteradas pela Secretaria de Estado da Saúde as orientações aos médicos para o uso de medicações no próprio site da instituição”, diz.
Muniz ainda informa que, além do pedido para a difusão do tratamento de pacientes na fase inicial da Covid-19, o grupo defende a administração de medicamentos para as pessoas que tiveram contato com os infectados. “Tratamento para quem apresenta os sintomas, na fase inicial, e também para os contactantes, para evitar a evolução da doença dentro da própria família ou no ambiente de trabalho”, argumenta. Nesses casos de contato com pacientes diagnosticados, a administração seria de ivermectina.
Sobre efeitos colaterais da hidroxicloroquina, Muniz afirma que eles foram maximizados e que não são frequentes como foram divulgados pela grande mídia. E que outros medicamentos também possuem efeitos colaterais, mas que não foram tão enfatizados como os da hidroxicloroquina, na opinião dele. O médico ainda comentou que o grupo de médicos se colocou à disposição para orientar demais profissionais da Medicina sobre esses assuntos e que queiram prescrever essas medicações, mas que estão com receio disso.
A mesma carta entregue ao secretário de Estado da Saúde também foi encaminhada ao Ministério Público do Paraná, Defensoria Pública do Paraná e Assembleia Legislativa do Paraná.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio de assessoria de imprensa, informou que tem mantido o diálogo com vários grupos nesse momento e que segue o protocolo instituído para a pandemia.
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